Publicado em Dez 5, 2005

Alan Greenspam e a criação de emprego

Aquele que quando fala o mundo [económico] para, vai deixar a Reserva Federal Americana.

Num dos seus últimos discursos, indica como um dos principais problemas da economia americana a extrema rigidez das leis laborais. Atente-se no facto que estamos a falar nos Estados Unidos onde estas leis são mil vezes (pelo menos) mais flexíveis do que em Portugal. E justifica com uma fundamentação tão simples como esta: quanto menos flexíveis foram as leis laborais menos as empresas contratam novos trabalhadores.

Agora eu pergunto: É preciso ouvir uma cabeça iluminada para perceber isto? E pergunto também: Se isto faz sentido nos Estados Unidos, imagine-se em Portugal.

Ajudava também o estado deixar de perseguir as empresas e deixar de tratar os empresários à partida como bandidos, ou a coisa irá sempre, de mal a pior.

Publicado em Dez 2, 2005

O Estado e as medidas generalistas de combate à corrupção

Comem todos pela medida grande. O Estado faz lembrar a recruta na tropa.
Quando alguém faz asneira, castiga-se todo o pelotão ao mesmo tempo que se agradece a quem fez o disparate.

O Estado, em Portugal, está a ir pelo mesmo caminho. Na impossibilidade de pôr em prática mecanismos de controlo eficazes e na ânsia de recolher fundos, impõe medidas generalistas que afectam toda a gente, fazendo o pequeno infractor esporádico pagar pelo grande corrupto crónico.

No processo, esvazia-se o bolso a contribuintes respeitosos e atropelam-se direitos fundamentais de privacidade.

Pôr câmaras de TV a controlar o trânsito é só mais um dos últimos exemplos, mas o caso mais gritante é mesmo o das finanças. Criação de pagamentos especiais por conta, imposição de colectas mínimas, execuções fiscais inadiáveis, multiplicação por 10 de impostos quando se trata de paraísos fiscais, etc, etc, etc.

A teoria por de trás deste exercício na recruta é construir o chamado espírito de corpo. Criar um pelotão unido; um por todos e todos por um. Sem dar por isso, o Estado anda a construir espírito de corpo nos Portugueses. Das duas uma: ou o mancebo se farta da recruta e deserta ou aguenta levá-la até ao fim e gradua-se. Traduza-se isto para o exemplo em questão e facilmente se percebe que, caso não desistam desta recruta, os Portugueses vão conseguir criar um espírito de corpo à séria. Agora pergunto: contra quem?

Publicado em Nov 29, 2005

O costureiro Augustus e o país real

Estava eu a fazer o meu zapping do costume quando me deparo, num canal qualquer com a seguinte frase do costureiro Augustus: “Nos anos 70, 10% das mulheres trabalhavam. Hoje, 95% das mulheres trabalham, (…)” O resto não interessa.
É impressionante o que certas elites conhecem do pais real. É certo que os artistas são por definição alienadas, mas que diabo desconhecer assim a realidade é obra.
Percebe-se agora quando certas mulheres “reais” entram numa loja de certos estilistas “alienados” e dizem: credo, quem é que vai vestir isto? O preço também é para mulheres irreais.

Publicado em Nov 23, 2005

A Publicidade dos canais Lusomundo funciona ao contrário

No primeiro anúncio ao novo canal Lusomundo Action o Maestro Vitorino de Almeida dizia: “É só acção, é só acção, a quem é que isto interessa?” E eu pensei: tem toda a razão! Com tanto filme de qualidade disponível…

Agora aparece a dizer “Mais de 700 filmes mês. E as minhas partições, quem é que as vai escrever?” E eu penso mais uma vez: tem toda a razão! E o meu blogue, quem o vai escrever?

A Lusomundo, com esta publicidade pela negativa, clássica dos anos noventa, dá vontade de rir. A quem é que isto se dirige? De certeza que não é aos utilizadores da TvCabo, que já têm tanta oferta de televisão e Internet que seleccionam cada vez mais aquilo que vêm e onde gastam o precioso tempo. Precisamente aquilo que os anúncios ridicularizam, a selecção e o tempo disponível. Evoluam meus caros.

Publicado em Nov 22, 2005

A TVI e os deficientes nos “reality shows”

A maneira como a nossa cultura construiu os seus preconceitos em relação às pessoas diminuídas física e mentalmente dá que pensar.

É muito mal visto fazer piadas, pelo menos em público e abertamente sobre deficientes. Não passa pela cabeça de ninguém ridicularizar um deficiente. Mesmo num programa como o “Levanta-te e Ri”, fazer piadas com deficientes motores ou paraplégicos não é de bom-tom, e quem esporadicamente o faz, leva sempre os fortes apupos e assobios do costume.

No entanto, e à imagem do reino animal, a intrínseca vontade escondida de judiar e gozar com os seres iguais mas inferiores existe em grande parte de nós.

Deficiências físicas são visíveis e óbvias. No entanto, as deficiências mentais, nem sempre são óbvias e certas pessoas podem mesmo ser confundidas com pessoas em plena posse das suas faculdades mentais, mas apenas brincalhonas.

Essas são o alvo ideal. Continuam a ser aberrações, mas podem ser exploradas comercialmente porque são suficientemente “normais” para passarem por “seres normais com uma vontade permanente de se ridicularizarem e humilharem a si próprios”.

Sá Leão e José Castelo Branco são dois grandes exemplos. Outro é o Emplastro que foi mesmo recentemente usado para o lançamento de uma discoteca no norte do país. Mas há mais, muitos mais.

Não evoluímos muito desde o tempo em que se mostravam pessoas deficientes nos circos. O homem mais pequeno do mundo, a mulher sem pernas. Quem não conhece o famoso filme dos anos 20, “Freaks”?

Pergunto: Não devia o Estado e enfim, todos nós, responsabilizarmo-nos e proteger estas pessoas do canibalismo das audiências?

Publicado em Out 28, 2005

Os dois livros mais importantes para entender o futuro

Para entender o vai acontecer ao comércio electrónico, para perceber como e para onde tem que dirigir o seu negócio, se quizer ter sucesso no futuro. Fundamentais! Referências nos cursos de MBA da próxima década.

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Publicado em Out 22, 2005

Homenagem aos Bombeiros: Conselhos ao Eng. José Sócrates

1. Mesmo que o calor seja insuportável e o botão esteja mesmo muito apertado, nunca, mas mesmo nunca, passar o dedo entre o colarinho da camisa e o pescoço quando há câmeras por perto. É que, montado depois com uma voz off à maneira por cima, pode dar resultados hilariantes.

2. Reconheço que se tenha compromotido com os Portugueses na prontidão e disponibilidade para falar sempre à imprensa. Mas convenhamos, quando não há mesmo nada para dizer, não há mesmo nada para dizer. No fim da solene homenagem aos bombeiros, eis os comentários do Eng. para os jornalistas: “Estive presente como é meu dever e o Sr. Ministro da Administração Interna falou”. Pois é.

Publicado em Out 14, 2005

Caso do Piloto Português preso na Venezuela

À velha boa maneira tuga o nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros esteve, na cimeira Ibero Americana de Salamanca a tentar “mexer os cordelinhos” ou “meter uma cunha” junto de Hugo Chavez.

Consta que Chavez terá respondido que existem, neste momento e em Portugal, 120 venezuelanos à espera de julgamento há mais de dois anos em Portugal!

E ainda acrescentou: Lamento, mas nada posso fazer. É que na Venezuela, o sistema político e judicial são completamente separados.

Publicado em Out 11, 2005

Quem é O Lidador

Numa época em que se perde cada vez mais o enaltecimento d’As armas e d’os Barões assinalados, urge evocar uma mítica figura heróica Portuguesa: O Lidador.

Da cidade de Beja saiu o Lidador naquela manhã com trinta cavaleiros fidalgos e trezentos homens de armas, sabendo de antemão que o exército de Almoleimar era muitas vezes superior. Perto do meio-dia, pararam os cavaleiros para descansar perto de um bosque onde emboscados aguardavam os mouros. A primeira seta feriu de morte um guerreiro português, o que fez com que o exército cristão se pusesse em guarda. Frente a frente se mediam a destreza e perícia árabes, invocando Allah, e a rudeza e força cristãs, clamando por Santiago. A batalha começou e ambos os exércitos se debateram com coragem, até que num dado momento Gonçalo Mendes e Almoleimar cruzaram espadas em cima dos seus cavalos. Um dos vários golpes desferidos atingiu Gonçalo Mendes que, mesmo ferido, atacou com raiva Almoleimar, que ripostou. O resultado foram dois golpes fatais, um dos quais matou o mouro e outro que deixou Gonçalo Mendes Maia ferido de morte. O Lidador, moribundo, perseguiu com os seus homens os mouros que debandavam em fuga até que o esforço de um último golpe sobre um cavaleiro árabe lhe agravou os ferimentos. O Lidador caiu morto na terra juncada de mais de mil corpos inimigos. Os cerca de sessenta cristãos sobreviventes celebraram com lágrimas esta última vitória do Lidador. Um sacerdote templário disse em voz baixa as palavras do Livro da Sabedoria: “As almas dos justos estão na mão de Deus e não os afligirá o tormento da morte”.

Publicado em Out 10, 2005

Eleições autárquicas: Denial of Service

Estas eleições provam que Portugal está cada vez mais próximo de um país do terceiro mundo. Até os computadores colaboraram e o crash é geral entre os computadores do STAPE, que deviam fornecer os resultados eleitorais actualizados.