Publicado em Nov 27, 2006

Canta por Mim: desgraças a leilão para divertimento dos abastados

Os Gato Fedorento em “Uma Espécie de Magazine” são realmente a fonte de informação que faltava, dado o rigor, isenção e coerência das notícias apresentadas e a profundidade e acuidade das reportagens.

Digo isto, sinceramente sem qualquer espécie de ironia, depois de ver uma peça sobre a TVI em que um grupo de “desgraçadinhos” tentava matar um conhecido pivot de notícias do mesmo canal. A razão? A falta de dotes para cantorias.

Deixo-me de tal modo confuso a peça que tive necessidade de investigar mais para tentar perceber qual era a piada. Uma verdadeira peça digna da série 60 minutos da CBS, porque nos faz investigar mais para aprofundar sobre o assunto.

Parece-me então que um grupo de pobrezinhos desgraçadinhos é escolhido de entre um grande número de candidatos, pela ordem de grandeza das suas desgraças.

Depois vão à TVI, expõem a sua graça e uma figura pública irá defender qual a desgraça a ser ajudada. Dito deste modo parecia fazer sentido não fosse o que vem a seguir.

Pasme-se agora quem não conhece. Eu nem queria acreditar. Para defender uma causa em prol de outra, não irão fazer uso deste ou aquele argumento mas antes, começam a cantar (!) Sim, é verdade! E quem cantar menos-mal ganha a causa.

Acho que não se pode descer mais baixo. Quer dizer, há aquele programa no Japão em que os concorrentes defecam no palco e quem o fizer primeiro ganha, mas este da TVI é deveras mais revoltante e ofensivo.

Para já, a ligação entre a importância das “figuras públicas” cantarem pior ou melhor e as pessoas com necessidade serem ajudadas ou não já dá a volta ao estômago.

Mas o pior nem é isso. Nos circos romanos o gladiador que melhor lutava tinha o direito de sobreviver, para gáudio do povo que assistia das bancadas, mas que, no fundo, gostava mesmo era de ver os outros a serem mortos e comidos pelos leões.

Repare-se na semelhança: todos os concorrentes estão condenados à partida, mas um safa-se para o povo aplaudir no fim e não se sentir muito mal com a sua consciência na hora de voltar para casa.

No fundo faz sentido. Em que outro país senão o nosso mais se juntam as pessoas para ver um acidente e se regozijarem com o facto de não ter sido com elas?

Será que ninguém explica aquela gentalha nojenta que podiam simplesmente repartir o dinheiro do prémio por todos?

No fundo, no fundo, isto só pode ser tudo um plano arquitectado pelos “nuestros hermanos”, agora donos da TVI, para gozarem completamente com a nossa cara!

É mau demais.

Publicado em Nov 27, 2006

A morte do Alpinista Bruno Carvalho e a falta de apoio dos companheiros

Acabo de ver a reportagem do Jornal da noite da SIC sobre a expedição de alpinistas portugueses ao Shisha Pangmasic, no Tibete.

Bruno Carvalho, um dos expedicionários morreu, quando descia do cume a oito mil metros. O alpinista fazia parte da equipa de portugueses, liderada por João Garcia, que se lançou no mês passado à conquista de um dos picos do Mundo.

Percebo pouco de alpinismo. Apenas pratiquei duas vezes na vida e algumas outras mais Canyoning.

Parece-me a mim que uma das regras fundamentais do alpinismo é nunca subir montanhas sozinho.
Pareceu-me a mim que, na altura da subida ao cume, estavam todos em grupo 3 alpinistas portugueses e um sherpa para o qual aquilo é apenas um mero passeio.

Pareceu-me a mim que, nessa subida, o Bruno Carvalho, que estava mais lento, foi deixado ficar para trás devido à ânsia dos outros dois para chegar lá a cima antes que escurecesse.

Pareceu-me a mim que chegaram, fizeram a festa (inclusive a foto da praxe com a bandeira do Millennium BCP), não esperaram por ele e voltavam para trás.

Pareceu-me a mim que quando se cruzaram com ele deverão ter trocado sentimentos do género: “Nós já lá fomos, é um espectáculo! Tu vem connosco para baixo, esquece lá isso pá, és muito lento.” O Bruno portanto, seguiu sozinho, como qualquer pessoa com o mínimo de estima pessoal.

Pareceu-me a mim que, mesmo sabendo que era tarde e que o companheiro estava sozinho e visível desde o campo, foram comer para dentro das tendas e esqueceram o assunto.

Pareceu-me a mim que só quando começaram a achar que ele já estava a demorar muito tempo é que resolveram meter a cabeça fora da tenda e o viram caído, já morto, a 400 metros da tenda.

Pareceu-me a mim que, mesmo assim, pensaram primeiro que ele estava a brincar e não correram de imediato para lá.

Corrijam-me se eu estiver errado no que me “pareceu” e se estiver peço desde já desculpa pelo que vou dizer a seguir.

Mas se, infelizmente não estiver, onde está o altruísmo, a honra, a dignidade, a nobreza, a amizade? Eu sei, são sentimentos cada vez mais difíceis de encontrar mas, pelo menos os jornalistas que fizeram a reportagem, tinham a responsabilidade de ser pessoas atentas.

É que, pela maneira como a reportagem está feita e, principalmente a maneira como estão montadas as declarações, dá a impressão de tudo o que me pareceu acima.

João Garcia é um alpinista experiente e respeitado. E o respeito não se ganha de um dia para o outro, constrói-se com o tempo. Quero acreditar que a culpa de tudo o que me “pareceu” é culpa dos jornalistas e da reportagem.

Mas, tal como eu, muitas outras pessoas poderão ter ficado com a ideia errada.

Eu sou cliente do MilleniumBCP há muitos anos. Com que ideia fico agora dos valores que o meu banco defende? Que vale tudo para alcançar um fim?

Por favor, no país do fado de traje negro, exige-se uma reportagem de investigação esclarecedora.

Publicado em Set 16, 2006

Porque eu não gosto do novo Papa, parte II

Em Abril do ano passado escrevi que não gostava do novo Papa. E indiquei uma única razão: este Papa não iria ajudar à Paz.

Numa intervenção na Universidade de Regensburg, onde no passado leccionou, o Papa explorou as diferenças históricas e filosóficas entre o Islão e o Cristianismo e a relação entre violência e fé. A certa altura, citou um imperador bizantino, segundo o qual Maomé só trouxe ao mundo coisas “más e desumanas, como o direito a defender pela espada a fé que ele persegue”. Esqueceu-se das Cruzadas e subscreveu mesmo que Maomé seria demoníaco!

As reacções não se fizeram esperar. O mundo muçulmano explodiu de raiva e as manifestações multiplicam-se por todo o mundo. A comunidade muçulmana exige um pedido de desculpas.

A Igreja só pediu desculpas uma vez e foi com João Paulo II. Dizer que a diferença entre este Papa e o anterior é infinitamente incomensurável ainda é dizer pouco.

João Paulo II criou os Encontros de Assis, para promover o diálogo entre religiões, permitindo pela fez encontros que nunca tinham sido realizados na história. Nos encontros desde ano, longe da expressão de outrora, Bento XVI esteve ausente.

Tem uma visita marcada para Novembro à Turquia. Duvido que se realize. Começou bem, chamando ontem Constantinopla a Istambul, mais uma vez despromovendo a importância do Islamismo.

É preciso dizer mais?

Publicado em Set 16, 2006

Excelentes entrevistas que são muito más

Telejornal da RTP1. Assunto: Contaminação de Rio. Entrevista ao autarca local, pergunta do jornalista: Quem vai limpar tudo isto? Resposta: “Não sabemos quem irá limpar isto (…) portanto, teremos que ser nós a limpar.”

Jornal das 22h da RTP2. Assunto: Buraco do Ozono. Pergunta do jornalista a um Prof. Dr. Catedrático especialista na matéria: Parece que afinal, o buraco do Ozono está a diminuir!? Resposta:”De modo nenhum, antes pelo contrário, vários estudos indicam … (inserir 10 minutos indecifráveis) … portanto e por tudo isto, estamos no bom caminho, o buraco do ozono está, de facto, a diminuir.”

Publicado em Set 11, 2006

11 de Setembro, nunca mais?!

5 anos depois, 2,932 soldados americanos já foram mortos no Iraque e no Afeganistão. Nos ataques de 11 de Setembro de 2001 morreram 2,973 pessoas. Sem comentários.

Publicado em Set 10, 2006

A Astrologia e a Força da Gravidade

No Herman Sic de hoje, e a propósito da entrevista a um astrólogo, Herman José pergunta para o ar: “Alguma vez uns calhaus lá no espaço podem ter alguma influência aqui”?

E eu pergunto: O que causa as marés? Imagine-se a quantidade de água que se move com as marés!

A “influência dos calhaus” é uma força chamada Atracção Gravitacional, mais precisamente Lei de Newton de Gravitação Universal, mas tarde reformulada por Einstein na Teoria Geral da Gravidade, introduzindo a curvatura espaço-tempo em redor dos corpos. Tudo o que vemos à nossa volta sofre a influência desta força, de entre as outras três forças da natureza.

No entanto, a força da gravidade é, de entre todas elas, a única que obstinadamente se recusa a obedecer à mecânica quântica (as outras três – o eletromagnetismo, a força forte e a força fraca podem ser quantizadas).

De facto, a sua exacta medição e determinação ainda é hoje impossível e está envolta em contradições e frustrações nas buscas para encontrar uma consistente teoria que a explique e integre com as outras. Nem o próprio Einstein o conseguiu. Era, aliás, uma das suas grandes frustrações. Apesar de parecer não obedecer a nada, a sua influência de modo inequívoco em todos os corpos é inquestionável.

Sabe-se hoje que, na gestação de cada ser humano, as mais pequenas influências externas podem ter um resultado extraordinário na sua personalidade, como por exemplo, os estados de espírito da mãe. As alterações que o ser humano sofre no período de gestação são infimamente maiores do que a partir do momento do nascimento.

Os astros com maior “influência” gravitacional sobre a Terra são, como se sabe, o Sol e a Lua. A posição do Sol varia ao longo do ano, é ela que define o que é um “ano”.

Assim e resumindo; sabemos que existe uma força poderosa, ainda com o seu quê de misterioso, que varia conforme a altura do ano; sabemos também que, durante a gestação, o feto e a formação do cérebro sofrerá alterações múltiplas e extremamente sensíveis ás mais pequenas influências.

É fácil somar dois mais dois. Acredito na possibilidade de haver características de personalidade muito semelhantes para pessoas nascidas na mesma altura do ano. Quanto mais próximo, mais parecidas. Se quiseram chamem-lhes “signos”.

É pena que Astrologia tenha feito uso disso para criar uma vasta parafernália de folclore como previsões do futuro ou horóscopos diários. Tornou tudo muito pouco sério.

Publicado em Set 7, 2006

Durão Barroso e Sócrates sobre o Terrorismo

Telejornal da noite. Durão Barroso e Sócrates, inquiridos por um jornalista sobre o sempre incómodo tema do terrorismo, debitam, incomodados, a ladainha do costume:

“Reforçar a segurança interna de cada país, a cooperação de polícias entre estados, e fomentar o entendimento entre civilizações.”

Evidente, mas a resposta mais importe, e que ninguém deu, é: eliminar a pobreza no mundo, principalmente nos países de grande influência de fundamentalismos religiosos. Será assim tão difícil perceber isto?

Nos países onde se recrutam suicidas, a pobreza é estrema, e as possibilidade de futuro nulas. Nada têm a perder. Apenas invejam a riqueza que lhes chega pela MTV.

O que resta aquela gente? Resta a possibilidade de serem heróis e terem um mundo magnífico à sua espera no lado de lá (70 virgens incluídas). E no caso dos atentados de Londres em que os terroristas estavam integrados na comunidade? Estariam mesmo? E que dizer de um estudo recente que indica a Inglaterra com o pais europeu em que é mais difícil subir de estrato social. Isto é, quem nasce pobre, invariavelmente morre pobre. Filmes como Braveheart, o filme de Mel Gibson sobre o herói/terrorista (depende do ponto de vista, se o de Inglaterra ou Escócia), são o nosso contributo para que os candidatos a terroristas dêem o ultimo passo.

São a nossa critica ao mundo actual, onde faltam os valores antes nobres como a noção de honra, o dar a vida pela pátria, a falta de heróis.

Publicado em Ago 30, 2006

Katrina e o Hezbollah

Um ano depois da tragédia do furacão Katrina, Nova Orleães é ainda um caos total. Ainda caíam as bombas Israelitas no Libado e já o Hezbollah ajudava a população a reconstruir as suas casas. Sem comentários.

Publicado em Mai 27, 2006

Portugal ganhou! Viva Viva! Não?! Não posso festejar?!

Portugal jogou hoje em Évora contra Cabo Verde e ganhou por 4-1. Estavam mais de 10 mil pessoas a assistir e deu em directo na televisão. Portugal ganhou e foi abertura dos telejornais da noite, com direito a conferência de impressa em directo e tudo.

Agora o que eu não percebo é porque é que ninguém aceita o meu convite para ir festejar? Bolas, eu não devo perceber mesmo nada de futebol! Um amigo respondeu-me: “Óbvio que não. Só quando for a sério!”

Eu pergunto: O que é “a sério”?!

Publicado em Mai 27, 2006

Timor Leste de novo a ferro e fogo

Um dos chavões dos anos noventa: a aldeia global. O “mundo plano” segundo um dos livros mais badalados dos últimos tempos. Um mundo global, onde se exporta e importa tudo.

Erro crasso: não se exporta democracia. A democracia “acontece” quando o povo está preparado e a faz nascer. Nunca pode ser imposta. Os exemplos são muitos, o último dos quais, Timor Leste.

Países ainda próximos da idade média têm que seguir a sua própria evolução. O mundo pode ser plano, mas são claramente dois planos. Um cada vez mais afastado do outro.