Publicado em Abr 15, 2006

O caso dos Deputados Baldas: só à porrada!

Cerca de 40 por cento da maioria socialista e dois terços da bancada do PSD faltaram às votações da tarde de dia 12 de Abril no Parlamento. Na véspera de um fim-de-semana de ponte, estiveram ausentes nas votações 107 deputados, o que obrigou o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, a encerrar a sessão por falta de quórum. E, pior ainda, assinaram o livro de presenças quase todos os deputados do PS (114 em 121) e a maioria dos social-democratas (52 em 75) e, no final da sessão, estavam presentes apenas 66 socialistas e 21 deputados do PSD.

Desculpem o título deste post, mas não me ocorreu nenhum outro mais adequado: falham-me todos os argumentos lógicos e dentro da lei para prevenir que tal aconteça de novo no futuro, de tal modo é a situação caricata.

Jaime Gama, provavelmente assolado pelo mesmo sentimento que eu, foi mais brando e disse: ”Law makers are not law breakers”. Eu digo: Só à Porrada! Então quando são os nossos fazedores de leis a marimbarem-se para as nossas leis, o que resta: Só à Porrada, porque as leis já não servem.

Não me importa mesmo nada o que os excelentíssimos senhores deputados deixaram de produzir naquele dia – que, de resto, não deve ter sido grande coisa –, o que importa é algo muito mais grave.

Os excelentíssimos senhores deputados não fazem ideia do mal que fizeram ao país.

Então os excelentíssimos senhores deputados não sabem que a nossa (falta de) produtividade é o PRINCIPAL problema do país neste momento?

Então os excelentíssimos senhores deputados nunca ouviram falar que o exemplo vem de cima? E não sabem a importância perversa que tem na nossa cultura? Nunca ouviu falar em “Patrão fora, dia santo na loja?” Se o patrão não se preocupa, vou-me lá eu ralar com isso?

Não, não sabem. De facto os excelentíssimos senhores deputados, na maior parte das vezes, entram ao meio-dia e meio para sair ao meio-dia e um quarto. De facto, só uma vez na vida se levantaram cedo, foi quando Belmiro de Azevedo lhes disse que, ou a comissão parlamentar, com ele, era às oito da manhã ou não havia comissão para ninguém!

As democracias caiem de podres, é verdade. Temo o pior.